A adesão ao real digital pode ser bem-sucedida no Brasil. Isso é o que demonstra uma pesquisa da empresa de pagamentos online PayPal. Segundo o levantamento, 93% dos brasileiros entrevistados estão "extremamente" ou "de certa forma propensos" a aderir a uma moeda digital de banco central (CBDC).
Para o estudo, o PayPal entrevistou 4 mil pessoas no Brasil, nos EUA, na
China e na Alemanha. Por aqui, o interesse por uma criptomoeda nacional só fica
atrás da China (99%). Na Alemanha e nos EUA os percentuais foram 77% e 73%,
respectivamente.
O Banco Central do Brasil (Bacen) já estuda o real digital e, em
maio, apresentou as diretrizes para o desenvolvimento da CBDC brasileira. A
China já está avançada na criação do iuan digital, sua CDBC. O país planeja
fazer um teste em massa da moeda em 2022, durante os Jogos Olímpicos de Inverno
de Pequim.
Segundo a pesquisa do PayPal, 79% dos brasileiros gostam da ideia de não
precisar utilizar dinheiro físico para pagamentos. Na China, o percentual é de
72%. Americanos (58%) e alemães (40%) têm menor interesse na solução.
Com a disseminação da pandemia de covid-19, muitos usuários adotaram as
carteiras digitais para evitar contato com dinheiro em espécie. Um levantamento
da Toluna mostra que 89% dos brasileiros começaram a utilizar carteiras
digitais durante a pandemia. Isso fez os indivíduos ficarem mais habituados a
essas ferramentas, que, além disso, são muito práticas.
No estudo do Paypal, 57% dos participantes dizem usar menos dinheiro em
espécie desde o início da crise sanitária. Só a China percebeu queda mais, com
64%. Como justificativa para ainda usar dinheiro físico, os entrevistados
apontam: ausência de taxas, facilidade de uso, controle de gastos e anonimato.
Ajuda do Pix
É possível que o entusiasmo com o sistema de pagamento instantâneo (Pix)
tenha influenciado positivamente a percepção dos brasileiros sobre a
digitalização. De acordo com Paulo Aragão, especialista em criptomoedas, o Pix
foi apresentado como uma "resposta às criptomoedas" de forma geral. A
opção é, entretanto, uma grande aliada dos criptoativos.
Para Aragão, o Pix ajudou os brasileiros a se familiarizarem com
o funcionamento do ambiente digital. “No curto prazo porque possibilitou
integração 24x7 entre o sistema financeiro tradicional e o mercado cripto”,
diz. “Já no longo prazo porque as pessoas estão começando a se acostumar com
pagamento com QR Code diretamente do celular.”
O especialista ressalta, ainda, que a
população brasileira já vem se acostumando com o dinheiro digital, uma vez que
prefere pagar por transferência bancária ou cartão em vez de dinheiro em
espécie. “Como os brasileiros já estão acostumados com dinheiro digital há
algum tempo, é natural que estejam abertos à ideia do real digital. Na prática,
para o cidadão comum, não haverá muitas mudanças imediatas.”